sábado, 2 de outubro de 2010

BANDO PRESO PODE TER PARTICIPAÇÃO NOS ASSASSINATOS DE DOIS PM'S E DE ANTÔNIO VERAS

Dois dos sete assaltantes que foram presos quarta-feira em uma ação das polícias Federal, Civil e Militar do Rio Grande do Norte sob suspeita de terem aterrorizado moradores de São João do Sabugi são apontados como participantes da chacina que vitimou o ex-prefeito de Campo Grande e mais dois policiais militares, em março desse ano. Além deles, outras 13 pessoas estão sendo investigadas, entre pistoleiros, mandantes e outros. A previsão é que o caso seja concluído até o fim desse ano.


ALDAIR DANTAS
Pelo menos dois, dos sete bandidos presos esta semana, podem ter participado da morte do ex-prefeito Antônio Francisco VerasA confirmação foi feita ontem ao DE FATO pelo delegado Márcio Delegado, da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR). A unidade especial assumiu as investigações devido a grande complexidade do crime, que teve enorme repercussão no Nordeste devido a violência dos executores. O ex-prefeito de Campo Grande, Antônio Francisco Nóbrega Martins Veras, e seus seguranças (ele era protegido pelo Estado), os soldados da Polícia Militar Jackson Cristino Dantas e Solano Costa de Medeiros foram mortos com centenas de tiros.

Márcio explica que já conseguiu levantar o nome de pelo menos 15 pessoas que estariam envolvidas na chacina, seja diretamente ou indiretamente. Ele conta que a partir da identificação dessas pessoas, juntou-se à Polícia Federal, que vinha investigando grupos suspeitos de pratica assaltos à bancos no Rio Grande do Norte e vários outros Estados da região Nordeste. Por se tratar de bandidos em comum, as investigações da PF e do Deicor foram unificadas. Segundo Márcio Delegado, o grupo atua em diversos ramos, desde pistolagens, caso do ex-prefeito, assaltos, tráfico, etc..

Por enquanto, o delegado confirmou o nome de apenas um dos investigados, Francisco Evaldo Gomes da Silva, o “Niniu”, que é um velho conhecido das autoridades na região Oeste do RN, envolvido com diversos tipos de crime. Ele é acusado inclusive de ter assassinado o agricultor Francisco de Lima, “Neném de Otacílio”, em Caraúbas. Segundo Delgado, esse assassinato têm grande semelhança com a violência sofrida pelo ex-prefeito e seus seguranças. “Nos dois crimes, foram vários tiros de calibres diferentes e as vítimas tinham tiros à queima-roupa no rosto”, fala.

Quanto ao nome do outro bandido que foi preso como suspeito de assaltar e aterrorizar São João do Sabugi, Márcio Delgado disse que por enquanto não iria revelar. “É melhor, por enquanto, não revelarmos o nome do outro. Esse outro aí, o ‘Niniu’, tem um monte de crimes nessa região de Caraúbas... Ele é ligado a várias quadrilhas diferentes que atuam aí nesse setor”, revela o delegado, que acredita estar próximo do desfecho final dessa investigação. Ele esclarece que o processo foi prejudicado devido mudanças no Poder Judiciário e Ministério Público em Campo Grande.

Medo atrapalha trabalho de investigação da polícia

A “Lei do Silêncio” sempre foi uma das maiores dificuldades das autoridades policiais quando se fala em desvendar crimes. No interior, a situação é ainda mais complicada. Aquela velha história de que todo mundo conhece todo mundo reflete diretamente no trabalho da polícia, que não consegue encontrar provas testemunhas em seus inquéritos.

A chacina que vitimou o ex-prefeito de Campo Grande e dois policiais militares é um exemplo disso, já previsto pelo delegado Márcio Delegado quando assumiu o caso ao ser designado pela Delegacia Geral de Polícia (DEGEPOL).

“É um caso que demanda maior tempo de investigação. Temos poucos depoimentos testemunhais. Ninguém quer se meter com aquilo ali e pouca gente se habilita a ajudar a polícia. A gente sabe que todos ali conhecem a história, mas dizer isso à polícia é muito difícil. O que nós temos que fazer é reunir provas contra eles, apesar das dificuldades”, esclarece a autoridade.

Márcio não confirma, mas as investigações apontam para uma possível continuidade da briga envolvendo famílias rivais da região Oeste do Rio Grande do Norte. Antes de Antônio Veras, seus dois irmãos, César e Vicente, foram assassinados. Os dois foram executados de forma extremamente violenta em 2003.

Ao ser questionado sobre a identidade dos outros nomes que já constam na investigação, Delegado limitou-se a dizer apenas que “são todos do RN” e que a motivação do crime estaria ligada justamente à pessoas daquela região.

A polícia não tem dados concretos que possam dimensionar os estragos provocados pela rixa entre as duas famílias, mas várias pessoas já foram assassinadas, fruto dessa disputa, que teria começado na década de 60, quando um tio de Antônio Veras teria assassinado o pai de José Reis de Melo, mais conhecido como “Zé Vieira,” assassinado em 2006. Antônio Veras foi apontado pelo MPE como mandante da morte de Zé Vieira.

Ex-prefeito e PMs mortos em Campo Grande

No dia 26 de março desse ano, o ex-prefeito de Campo Grande, Antônio Francisco Nóbrega Martins Veras, de 59 anos, e os policiais militares Jackson Cristino Dantas, 36, e Solano Costa de Medeiros, 34, foram assassinados com centenas de tiros quando se deslocavam de Caicó, onde Antônio Veras residia, para a sua fazenda, na zona rural de Campo Grande. As vítimas ainda tentaram escapar da emboscada – armada em uma estrada carroçável – mas não conseguiram. Os PMs estavam armados, mas não tiveram nem chances para reagir. O carro que eles estavam ficou bastante avariado devido a grande quantidade de tiros.

Fonte: Tribuna do Norte

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